Emoções: o que são e para que servem?
- 2 de out.
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Todos os dias vivemos guiados pelas emoções: a alegria de reencontrar alguém especial, a tristeza depois de uma perda, o medo perante uma incerteza, a raiva quando sentimos uma injustiça. Mas afinal, o que são as emoções? De onde vêm? E porque sentimos às vezes que elas nos controlam mais do que nós a elas?
A ciência tem tentado responder a estas perguntas há mais de um século, e muitas teorias foram surgindo para explicar este fenómeno que é tão humano. Vamos explorar algumas das principais — de forma simples, prática — para que possas perceber melhor o que acontece dentro de ti.
Emoções: causa biológica ou cognitiva?
Um dos debates clássicos sobre a causa das emoções investiga se as emoções são um fenómeno primariamente biológico ou cognitivo. Algumas teorias dão primazia aos fatores biológicos e outras aos fatores cognitivos, vejamos:
👉 De acordo com a teoria de James-Lange (final do séc. XIX), o corpo reage primeiro e só depois surge a emoção. Por exemplo: o coração dispara → só depois sentimos medo; choramos → só depois sentimos tristeza. William James (psicólogo americano do se. XX) chegou a dizer: “Não choramos porque estamos tristes; estamos tristes porque choramos”. Assim, para estes autores, as sensações físicas são a emoção, sendo que experiência consciente da emoção apenas ocorre após o córtex cerebral receber informações das alterações do estado fisiológico do indivíduo.
Já a teoria Cannon-Bard (anos 1920) defende que as alterações fisiológicas (que conduzem à emoção) ocorrem simultaneamente à percepção dos estímulos do ambiente, ou seja, não há uma sequência, há uma experiência integrada. Recebes más notícias → o coração aperta e a tristeza surgem no mesmo instante.
👉 E tu, já reparaste se te dás conta da emoção quando percebes o corpo a reagir, ou sentes tudo simultaneamente?
Para além destas teorias clássicas, também as teorias evolutivas ganharam adeptos, um século antes, com Charles Darwin (1872) que afirmava que as emoções são parte da nossa herança evolutiva, ou seja, determinadas geneticamente. Segundo este, o medo ajudou-nos a fugir de perigos, a raiva deu-nos energia para defender território, a alegria fortaleceu laços sociais.
A importância da interpretação
Na década de 1960, os psicólogos cognitivistas trouxeram outra visão, igualmente pertinente e importante: o que sentimos depende, em grande medida, da interpretação que fazemos da situação. Segundo estes, o indivíduo procura compreender a razão por experienciar determinadas reações fisiológicas, desencadeadas por uma dada situação, de modo a conseguir identificar a emoção correspondente. Por outras palavras, os processos cognitivos são elementos fundamentais para a compreensão das emoções.
Através da perspetiva cognitivista, as avaliações (estimativa acerca do significado pessoal de um dado acontecimento) são o construto central desta questão. Para estes, é a avaliação que o indivíduo faz acerca de uma situação que gera a emoção, e não o acontecimento em si. Logo, ao mudarmos a nossa avaliação da realidade podemos mudar a emoção que sentimos acerca da mesma.
Um exemplo famoso: nos Jogos Olímpicos, os atletas que ganham a medalha de bronze costumam estar mais felizes do que os que ganham prata. Porquê? Porque o de prata pensa “quase cheguei ao ouro” → frustração, enquanto o de bronze pensa “pelo menos subi ao pódio” → alegria.
👉 Quantas vezes já deste um “rótulo” diferente à mesma sensação? O coração acelerado pode ser ansiedade num exame… ou entusiasmo num primeiro encontro.
Então… para que serve saber isto tudo?
É crucial reconhecer que as emoções não são “fraquezas”, mas sim ferramentas essenciais à nossa sobrevivência!
A verdade é que compreender as emoções ajuda-te a:
• reconhecer sinais do corpo antes que eles se tornem sintomas (ex.: stresse acumulado → insónias, dores de cabeça).
•. dar novos significados às experiências (ex.: transformar a ansiedade em energia para agir).
•. lidar melhor com conflitos (ex.: perceber que a raiva pode ser um pedido de respeito).
• tornar-te mais empátic@ e autêntic@ nas relações.
A visão da Terapia Transpessoal
Na Terapia Transpessoal, as emoções não são vistas como “inimigos” a controlar, mas como mensagens. Cada emoção traz um convite:
• tristeza pede recolhimento e cura.
•. raiva pede ação e limites claros.
• medo pede atenção e cuidado.
• alegria pede partilha.
O trabalho terapêutico é criar um espaço seguro onde possas olhar para estas emoções, entendê-las e transformá-las. Muitas vezes, por trás de uma ansiedade ou de uma crise existencial, há um apelo da tua própria consciência para viveres de forma mais alinhada com quem realmente és.
Conclusão: as emoções como bússola interior
Independentemente dos autores ou teorias, a ciência é consensual: as emoções são parte de nós, não inimigas a reprimir. Estas são sinais, guias, energia em movimento.
O desafio está em aprender a escutá-las sem nos deixarmos dominar, em acolhê-las sem nos perdermos nelas. E é precisamente aí que a Terapia Transpessoal pode ajudar: a transformar as emoções em ferramentas de autoconhecimento e crescimento pessoal.
🌿 Se sentes que as tuas emoções te sobrecarregam ou que perdeste o rumo, sabe que não está sozinho(a). Há caminhos para transformar essa energia em clareza, equilíbrio e sentido!
👉 Se este conteúdo ressoou contigo, e quiseres aprender mais sobre conceitos psicológicos, fica à espreita por novos artigos;)
Até já!




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